A INTELIGÊNCIA DO ANCIÃO

1.5.1 A INTELIGÊNCIA DO ANCIÃO

Um dos aspectos relacionados com a inteligência, e que sempre se aborda quando se fala da inteligência é o processamento das informações, que permite a inteligência realizar as suas operações. Para isso é necessário que o sujeito disponha de conhecimento e que este ligado à memória permita ao mesmo dar solução aos problemas com que se deparando. E, de facto, para que isso seja possível é necessária a intervenção da inteligencia que vai ao fim e cabo fazer com que o sujeito se adapte ao meio circundante.

1.5.1.1.Conceito de inteligência

A noção de inteligência é uma das mais controversas na psicologia que tem feito com que os psicólogos não cheguem a um consenso em relação ao mesmo e, assim temos várias correntes que procuram explicar a inteligência.

1.5.1.1.1Corrente psicométrica
Esta corrente tem Spearman como o seu máximo expoente. Para Spearman a inteligência conforma aquilo a que ele chamou de factor “G” ou inteleigência geral. Para Spearman esse factor geral era inato e imutável, ou seja, a inteligência apresenta-se assim como uma função inteligente geral, com diversas capacidades intelectuais específicas, indicadas como fatores numéricos, verbais, especiais.

1.5.1.1.2 A inteligência fluída e cristalizada de Cattel
Nos anos 60, Horn e Cattell (1966) introduziram a distinção entre “inteligência fluida” e “inteligência cristalizada”. Esta definição,contrariamente a primeira permite-nos compreender melhor a inteligência do idoso. Para Horn e Cattel, a inteligência fluída é a capacidade de mudar facilmente de ponto de vista, é a mobilidade, o saber adaptar-se a novas situações, a habilidade de fazer novas combinações, enquando que a inteligência cristalizada engloba o conhecimento geral, o vocabulário e o conceito de linguagem. Na óptica dos dois autores, a “ inteligência fluída, afecta sobremaneira o idoso, pois diminui com o avançar da idade e dos anos. O mesmo já não acontece com a inteligência cristalizada que pode até crescer e desenvover-se com o passar do tempo. etc.

1.5.1.1.3Teoria desenvolvimentista de Piaget
Para Piaget existe uma unidade básica entre o pensamento e açcão estrutural, visando à adaptação do indivíduo à realidade que o circunda. Com isso, a teoria de Piaget mostra que a inteligência não é herdada, mas sim que ela é construída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente (físico e social) em que ele estiver inserido.
Em síntese, pode-se dizer que, para Piaget o equilíbrio é o norte que o organismo almeja mas que paradoxalmente nunca alcança. Neste processo de interação podem ocorrer desajustes do meio ambiente que rompem com o estado de equilíbrio do organism.
1.5.1.2 Caracterização da inteligência do idoso
Ao analisarmos as várias concepções sobre a inteligência, podemos concluir que ela é uma capacidade humana que permite não só a resolução de problemas, mas também permite ao homem adaptar-se ao meio ambiente que o circunda. No entanto, a inteligência do idoso apresenta características proprias. Quais são essas características?
Para compreendermos as características da inteligência do idoso, temos que refutar, em primeiro lugar, a teoria que diz que a inteligência é uma capacidade única em vez de um conjunto de diversas capacidades intelectuais que se combinam de múltiplas formas. Em segundo lugar, a concepção da inteligência como totalidade única que se deteriora durante a velhice. Quanto a isso, viu-se que apenas algumas capacidades agrupadas, como a inteligência fluida, são afectadas; enquanto outras caracterizadas como inteligência cristalizada ficam constantes ou até melhoram. Em terceiro lugar, a concepção de que a idade avançada seria o único fator que influenciaria o desenvolvimento ou deterioração das capacidades intelectuais. Em quarto e último lugar, há que referir que existem factores que podem influenciar na deterioração ou não da inteligência do ancião,tais como: a rapidez do pensamento, aptidão inata, nível educacional, treinamento, ambiente estimulante, saúde, sucesso na vida e motivação.


1.5.2 DEFICIÊNCIA AUTO-REGULATÓRIA DO IDOSO
O núcleo da personalidade humana é considerada como sendo de natureza fundamentalmente positiva, racional e realista.O ser humano é perspectivado como tendo uma tendência inata para desenvolver as suas próprias potencialidades. A sua capacidade de desenvolvimento, ou de auto-direcção, apresenta duas dimensões que interagem uma com a outra e simultaneamente com o meio ambiente social: a tendência actualizante e o sistema de auto-regulação. A tendência actualizante. O organismo tende a ir ao encontro dos seus próprios fins. Esta tendência constitui a fonte de energia e de acção, ou seja, de motivação para o ser humano.O sistema de auto-regulação. Todo o ser humano está dotado de um sistema de auto-regulação que lhe permite avaliar as suas acções e experiências, em função dos seus próprios objectivos, e proceder às correcções necessárias para as acções futuras.
1.5.2.1.1 Deficiências da auto-regulação no idoso: tomada de decisões e opiniões
A auto-regulação é uma componente psicológica do indivíduo a nível da tomada de decisões e opiniões. O que preocupa os idosos é o seu envelhecimento intelectual, pois perdendo o desempenho dos seus papéis sociais, o idoso vai sentir-se afectado a nível psíquico.
Como causas da mesma, contam-se a surdez, a cegueira, a dor, a imobilidade, a perda de gosto, a pobreza e, talvez na maior parte das vezes, a morte de um familiar. As perturbações da memória podem ser confundidas com demência pré-senil. O idoso mostra-se mentalmente confuso no seu comportamento, estado que se chama loucura.
A depressão é comum nos idosos, mas tende, muitas vezes, a não ser diagnosticada, visto a pessoa idosa ter uma perspectiva mórbida da vida. Muitos doentes recusam-se a admitir que estão deprimidos.
O idoso enquanto não produtor, transforma-se num indivíduo sem valor, vivendo na indiferença, na angústia e na solidão, deixa de comandar a sua vida, deixa de ter autonomia, passando a sua vida a ser gerida por terceiros.
O idoso começa a ter atitudes agressivas e violentas, quer nas relações que mantém consigo próprio, quer nas relações com os seus familiares ou cuidadores.
Muitas vezes, estas agressões envolvem familiares, marido, mulher, filhos, netos ou, quando estão institucionalizados, envolvem os auxiliares mais directos. O idoso reage à agressividade através da rejeição de alimentos e gritos, e a perda do declínio das capacidades físicas e mentais do idoso leva, por vezes, a que este seja descriminado. É desta forma que se manifestam as deficiências auto-regulatorias do idoso.

Katya Samuel

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