Envelhecimento Normal E Patológico
















Introdução



O ser humano, como se sabe, passa por diversas etapas de desenvolvimento que têm o seu início com a infância, adolescência, idade adulta, e mais tarde chega à idade da velhice, é o que se designa por ciclo vital da vida de um ser humano.

A velhice, contrariamente a outras etapas ocupa um lugar de destaque no desenvolvimento global do sujeito, pois, por um lado, estamos perante alguém que consolidou muitas experiências e saberes, e, do outro estamos perante um sujeito muito frágil sob o ponto de vista físico e psicológico, com maior gravidade para os países em vias de desenvolvimento, como Angola, onde as políticas para a velhice, se existem, pouco se tem feito para as porem prática.

O objectivo geral deste trabalho é o analisar a problemática sobre o envelhecimento do ponto de vista teórico. Como objectivos específicos, apontamos os seguintes: a) Descrever as teorias sobre o envelhecimento no âmbito das ciências psicológicas e não só; (b) Diferenciar o envelhecimento normal do patológico.

O nosso trabalho estrutura-se da seguinte forma: na primeira parte falamos sobre as teorias sobre o envelhecimento; na segunda, abordamos os pontos de vista que existem em relação ao envelhecimento normal e o patológico e no fim tiramos algumas conclusões.


1.Teorias sobre o Envelhecimento

Kaplan e Sadock (2003) referem-se à velhice como a idade adulta tardia que de acordo com eles é também conhecida como maturidade. Segundo estes dois autores a velhice refere-se ao ciclo vital que se inicia aos 65 anos de idade. Um outro aspecto que consideramos importar referir tem a ver com a gerontologia, ciência que estuda o envelhecimento. Ainda segundo os mesmos autores, “os gerontólogos dividem os idosos em dois grupos de “velhos jovens”, de 65 a 74 anos e de “velhos - velhos”, de 75 anos de idade.

Postas assim as coisas levanta-se, de imediato, outra questão, o que é afinal de contas o envelhecimento? Segundo os mesmos autores o “processo de envelhecimento é chamado de senescência, senescere, signficando envelhecer) e se caracteriza pelo declínio gradual no funcionamento de todos os sistemas, cardiovasuclars respiratórios, geniturinario, endócrino e imunológico e outros”. São, no entanto, várias teorias que abordam a problemática do envelhecimento


1.1.Teorias Biológicas

As teorias biológicas do envelhecimento foram sistematizados por Faritani (2002). De acordo com este estudioso as teorias biológicas do envelhecimento “examinam o assunto sob a óptica da degeneração da função e estrutura dos sistemas orgânicos e células” Diz-nos o mesmo autor que as teorias biológicas do envelhecimento podem ser classificadas em duas categorias: as categorias de natureza genético – desenvolvimentista, que pretendem compreender o envelhecimento tendo como pano de fundo os aspectos genéticos; o envelhecimento estaria deste modo programado desde o nascimento até a morte. Do outro lado, teríamos as categorias e as de natureza estocástica. Para estes enfatiza-se o ambiente (agressões ambientais) como factor condicionante do próprio envelhecimento.

As teorias genéticas possuem, por sua vez, a sua própria categorização. Uma das teorias genéticas mais antigas sugere que o envelhecimento celular tem lugar a partir do momento em que, naturalmente, começam a ocorrer erros em processos como a transcrição e transporte de material genético, ou mutações somáticas. Esses erros trariam consequências negativas à renovação celular, gerando células defeituosas’ ou empobrecendo sua população, repercutindo-se, em longo prazo, na função de sistemas orgânicos inteiros. Essa teoria recebeu o nome de Teoria de Acúmulo de Erros ou Teoria dos Erros Catastróficos. Outra teoria genética bastante conhecida é a do Limite
de Hayflick, desenvolvida no final da década de 70.

No capitulo das teorias estocásticas que enfatiza os aspectos ambientais temos as teorias com base em restrição calórica. Uma das hipóteses desta teoria é de que existe uma relação entre restrição calórica sistemática e o envelhecimento dos sistemas fisiológicos e celular.


1.2 Teorias de carácter social


Estas teorias têm como preocupação analisar o processo de envelhecimento de modo que integrem a preocupação com a qualidade de vida e com a própria compreensão dos idosos acerca desse fenómeno.

2.Envelhecimento normal envelhecimento patológico
De acordo com Kaplan e tal (2003) existem velhos doentes e não doentes; os não doentes, segundo eles, passam por uma velhice normal, enquanto que os velhos doentes e que padecem de qualquer enfermidade que interfere com o seu funcionamento físico e psíquico necessitam, obviamente de uma grande atenção médica ou psiquiátrica. È neste sentido que a mais se faz sentir a presença do médico, geriatra e do psicólogo.
É nesta linha de ideias que surge o envelhecimento normal e o envelhecimento patológico. Em que consiste o envelhecimento normal? De acordo com Sanchez (2003) não é difícil observar o normal e o patológico no envelhecimento uma vez que existem idosos que até aos 80 anos se encontram em plena vida activa e produtiva, enquanto que outros aos 60 anos se já se encontram numa degeneração acentuada
A questão entre o normal e o patológico na velhice é-nos abordada por Canguilhem, 1995, citado por Sanchez (2003). De acordo com aquele a diferença entre o normal e o patológico é determinada pela própria sociedade no sentido de que é ela que geralmente determina o que é normal e o que é patológico. Assim, para ele o patológico surge quando o idoso começa a apresentar algumas desordens e irregularidades. Daí a noção de declínio que é o aspecto fundamental na visão de Canguilhem: os declínios poderiam ser considerados anomalias a que qualquer ser humano está sujeito. A anormalidade, estaria, assim, relacionada com a capacidade do sujeito para se adaptar a uma nova condição de vida.

Uma outra discussão sobre o normal e o patológico vem-nos de Papaléo Neto e Ponte (1996). Estes autores, depois de argumentarem sobre as períodos pelos quais passa o organismo humano no ciclo vital (puberdade, maturidade e envelhecimento), demarcam o envelhecimento que é marcado por declínios funcionais que, geralmente, “começam de forma quase que imperceptível na segunda década de vida”. Esses declínios são que, em última instância, vão caracterizar o anormal. Tais declínios são caracterizados através de défices. Os mesmos autores citam Sacks, (1997) para quem estes défices, são entendidos como "deterioração ou incapacidade da função neurológica: perda da fala, perda da linguagem, perda da memória, perda da visão, perda da destreza, perda da identidade e inúmeras outras deficiências e perda das funções (ou faculdades) específicas".
Podemos assim afirmar que o envelhecimento patológico é aquele que torna o idoso parcialmente incapacitado. Esta incapacidade faz, muitas vezes, com que eles se isolem e se tornem dependentes dos cuidados dos terceiros, ou seja, perdem a sua autonomia.
Conclusões:
O envelhecimento é um processo muito complexo e, como tal, existem várias teorias para o explicar; de entre estas teorias salientámos as teorias biológicas que enfatizam os aspectos genéticos ou as agressões que organismo sofre em função do meio ambiente em que as pessoas se encontram. Por outro lado, e embora certos autores considerem que a diferença entre o normal e o patológico é ditada pela sociedade, viu-se que a fronteira entre eles cinge-se a perda da autonomia por parte do idoso, derivada de vários défices e disfuncionamentos sobretudo os que têm a ver com a deterioração da função neurológica. Daí a importância do psicológico, dos médicos geriátricos e da própria sociedade no sentido de se atender de um modo global a saúde do idoso tornando, assim, o envelhecimento mais suave.

Katya Samuel


Referências Bibliográficas:

KAPLAN, H.E. & SARDOCK, B. (2003). Compêndio de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed.
PAPALÉO Netto, PONTE, J. R (1996). Envelhecimento: desafio da transição do século. In: Gerontologia. São Paulo: Atheneu.

SANCHEZ, M. A .S.(1998) A Dependência e suas implicações para a perda de autonomia: estudo das representações para idosos de uma unidade ambulatorial geriátrica. Universidade de Havana.

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